15.5.15

Haccordus

Creio nunca ter referido neste espaço de que sou totalmente contra o afamado [bem ou mal] Acordo Ortográfico de 90. Pois que o saibam, agora e, pelos vistos, tardiamente.

Esta querela espalha-se desde 1988 – ainda eu mal sabia escrever – porém, somente nos últimos 6 anos se decidiu dar importância a este assunto da limpeza quase holocáustica das palavras portuguesas. 

A eliminação das chamadas “consoantes mudas” é ainda a parte mais fácil de se compreender, ao analisar e aceitar que esta é a ortografia da fonética actual [dizem!]. Não consigo jamais entender qual a razão de eliminar hífens na cor-de-laranja mas ser obrigado a usá-los se houver mais luz branca e escrever cor-de-rosa! Ou, pior ainda, tornar a mini-saia aparentemente mais comprida ao acrescentar um S no lugar do hífen. 
Bem, isto é apenas o falar de praticidades, sem querer enveredar pela etimologia ou pela fonética. Isto para referir que ao ser-se imposto um acordo com referência legal, este deverá ser, antes de mais, um acordo entre todos os intervenientes [os tais 250 milhões de luso-falantes no mundo] e a suposta entidade que criaria as alterações, situação este que, mais que sabido, é humanamente impossível e, caso o não fosse, a fase de aceitação seria tão ou mais inconcebível quanto a que assistimos actualmente. 

Porém, acredito que num futuro – talvez uns 20 a 50 anos – possamos todos estar a usar este so called acordo, mais que não seja pela habituação na leitura das manchetes, nos avisos camarários e doutras fontes de informação e educação, já que nesses organismos o AO90 é obrigatório. Veja-se, como exemplo, as mesmas rejeições e reacções à alteração do acordo anterior onde escrever pharmacia se previa ser em nada etimológico. Hoje, passados bem mais de 50 já ninguém o escreve. 

Ainda assim, mesmo colocando a hipótese de que sucumbo a esta farsa num futuro que espero pouco de próximo, levantarei sempre a bandeira pela luta  contra esta incongruência.

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